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A arte do saber

  • Foto do escritor: Admin
    Admin
  • 29 de jan. de 2018
  • 5 min de leitura


Por volta do ano 4.000 a.C., na região do Golfo Pérsico, os sumérios estavam preocupados com a necessidade de estabelecer critérios que possibilitassem aos seus povos a importância do conhecimento. Pesquisas realizadas por paleontólogos em blocos construídos de materiais cerâmicos da época, constatou evidências dos passos mais relevantes na elaboração da escrita. Os indícios apontaram muito claramente a responsabilidade dos pais em ensinar aos seus filhos a arte de escrever.

A escrita talvez tenha sido, uma das maiores invenções que se tem conhecimento. A criação de modelos de ensino se tornou indispensável, assim como as disciplinas que atendessem as mais imediatas deficiências coletivas. Aos poucos, foram se desenvolvendo a ideia de divisão de trabalho, religião e filosofia. Entretanto, foi na Grécia Antiga onde se ampliou os conceitos fundamentais para o surgimento das teorias educacionais. Um aristocrata, poeta e estadista grego, de nome Sólon, contribuiu de forma significativa, para uma reforma estrutural, política e econômica da Grécia, transformando aquela nação em uma democracia, livrando de pelo menos em parte o povo do autoritarismo promovido pela aristocracia daquele período.

No meio desta doutrina democrática, vários homens se destacaram pela capacidade de oratória. Utilizando-se de suas competências, são rapidamente aceitos pela maioria como sofistas. Reconhecidos como sábios estes seres especiais para muitos, argumentavam que podiam ensinar qualquer coisa aos interessados desde que em troca da sabedoria, fossem remunerados regiamente. Vários nomes se revelaram como senhores do saber, contudo foi Protágoras um dos sofistas mais importantes na arte de ensinar. A ele foi atribuído a máxima “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”.

Com a democracia, a arte de escrever e os sofistas, a Grécia daquele tempo, era detentora dos ingredientes necessários ao modelo de sociedade de causar inveja as civilizações existentes no planeta. Por volta do ano 470 a.C., nasce Sócrates filho de uma parteira e de um construtor de colunas. Neste ínterim os gregos eram divididos em poucos ricos e muitos pobres, mais ou menos como vivem as civilizações até os dias de hoje. O filho da parteira não estudou porque a família não tinha dinheiro para pagar os sofistas. Enquanto crescia, tentava ajudar seu pai na arte de esculpir, mas o tempo mostrou que o jovem não era hábil suficiente para se tornar alguém como o seu pai.

Existia em Atenas um Oráculo, onde seguidores de Deus Apolo, seriam capazes de responder indagações sobre o futuro. Mais ou menos como os videntes de hoje em dia. Cultuar Apolo fazia parte dos costumes e por isso era assegurado o direito, tanto aos endinheirados como aos pobres, de pelo menos uma consulta ao Oráculo uma vez para questionar o seu destino. Um amigo do filho da parteira perguntou a uma das sacerdotisas do tal Oráculo, quem seria o homem mais inteligente de toda Grécia e a resposta: “o homem mais inteligente de toda Grécia é seu amigo Sócrates”.

Procurado pelo amigo e informado do ocorrido, o filho do construtor questionou: Sou tão brilhante assim? Ou a sacerdotisa está trapaceando? Reuniu então, condições necessárias e teve aulas com sofistas afamados e descobriu que na verdade os professores apenas repetiam o que haviam ensinado para eles e sequer sabiam se a fonte do seu aprendizado era confiável. Esta situação deixou o filho da parteira inconformado porque gastou o seu rico dinheirinho e que concretamente suas economias foram parar nos bolsos dos sofistas que nada lhe ensinaram. Diante destes fatos ocorreu um aumento significativo no entendimento de Sócrates, pois saber quem era o mais inteligente se tornara uma obsessão em sua vida.

A grande sacada do filho da parteira foi sair por aí procurando por filósofos nas cidades gregas fazendo perguntas do tipo: Por quê? Como você sabe que é assim? Você tem como provar o que está me dizendo? E cada vez mais ele descobria que os filósofos não sabiam que as suas respostas, eram uma verdade absoluta. Claro que estes encontros por serem na maioria das vezes em praças acabavam por chamar atenção de outros jovens que começavam a segui-lo, mais ou menos como hoje, milhões seguem seus ídolos nas redes sociais. A garotada começou a ver no filho da parteira, alguém que sem cobrar nenhum centavo ensinava a arte de ser inteligente.

Muitos dos seus seguidores ofereciam dinheiro pelos seus serviços de ensinar, mas o jovem grego nunca aceitou nenhum pagamento porque tudo que tinha aprendido foi conversando com as pessoas e consigo próprio. Nascia a partir desta premissa um modelo de ensino chamado de Dialética, a arte de aprender conversando com o maior número possível de pessoas. Um dia sua mãe lhe pediu ajuda em um parto intrincado. Depois do trabalho árduo enfrentado por eles, Sócrates refletiu muito e chegou à seguinte conclusão: Que ele era um parteiro como sua mãe e que enquanto ela salvava a vida das mães e de seus rebentos em situações difíceis, ele arrancava as respostas das entranhas dos seus seguidores com suas perguntas por vezes irônicas, tornando-os mais inteligentes.

Por causa dos seus conhecimentos o filho da parteira foi convocado para guerra, comandando um grupo de militares que acabaram por perder a escaramuça. Ele ordenara que os militares em condições retornassem para Atenas. A lei grega sobre a guerra entendeu o erro de Sócrates e o prendeu, entretanto, o poder da eloquência do grego o transformou rapidamente em um homem livre.

Por muitos anos ele continuou fazendo o que mais gostava, arrancar de dentro das pessoas as repostas as suas próprias perguntas. Contemporâneos do filho da parteira se dividiam em uns poucos que aprovavam à sua maneira de ver o mundo e de ensinar e em muitos que o reprovavam de forma veemente. Dizem que ele provocou uma ruptura importante na Filosofia grega. Ele sempre procurou responder “O que é a natureza ou a realidade última do homem” enquanto os seus desafetos procuravam responder “O que é a natureza ou o fundamento último das coisas?”. Resumindo a sua preocupação estava focada nas interrogações humanas do tipo “O que é o bem?” “O que é a virtude?” “O que é a justiça?”. Por isso sua contribuição para humanidade foi muito importante, perseguindo sempre a lógica de que todas as pessoas devem perceber a manifestação evidente no interior da alma de cada um, pois conhecer-se a si mesmo é a única maneira de responder as suas próprias indagações. Suas convicções era de que mesmo para questões de maior complexidade, sempre vai existir uma análise racional.

Infelizmente o filho da parteira criou um desconforto generalizado no meio dos sofistas, políticos e aristocratas, porque seu modelo de ensino conquistava tantos adeptos que reduzia de forma sistêmica, os alunos dos sábios sovinas de profissão. Dizem que os poderosos queriam afastar Sócrates de Atenas por causa do seu ateísmo. A verdade é que ele foi obrigado a se matar aos 71 anos porque a sua forma de pensar e de ensinar sem ser remunerado desequilibrava a concorrência, o que certamente foi uma grande desmoralização a justiça que ele sempre buscou.

No mundo moderno é consensual que as nações aprimorem os seus modelos de ensino, na busca cada vez maior de conhecimentos. A realidade é que a pátria que mais investe na formação do seu povo, consequentemente melhora o seu IDH.


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José Maria Falcão é Cearense, vive em São Paulo desde a década de 70, seu primeiro trabalho foi numa empresa de mineração onde recebeu os primeiros incentivos para estudar química. Durante a sua formação acadêmica, trabalhou num laboratório multinacional farmacêutico. Desde 1985 trabalha numa empresa de produção e comercialização de produtos químicos. Apaixonado por lugares extremos, gosta de ler e experimenta a difícil tarefa de escrever. Escreveu e publicou na AMAZON três livros:
Um Falcão na Antártida 
Contos, Crônicas & Imagens 
Um Falcão no Ártico

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