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A importância do saber.

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    Admin
  • 5 de mar. de 2018
  • 5 min de leitura


Na maioria das fontes de pesquisa sobre o filósofo Platão, verifica-se unanimidade sobre suas origens. Os autores apontam que o mestre descende de uma das famílias mais endinheiradas e politicamente ativas da Grécia. Como todo aristocrata de sua época, recebeu a melhor educação possível, sua iniciação na arte do saber teve como ponto de partida o aprendizado sistêmico da leitura, escrita, música, pintura, poesia e ginástica.

Desde cedo, porém, foi influenciado e se tornou um dos mais abnegados discípulos do grande Sócrates, aprendendo, conhecendo e discutindo os problemas e as virtudes humanas. Seu encontro com o mestre foi o grande acontecimento da sua vida. No seu convívio com ele, começa a sentir necessidade de fundamentar qualquer atividade em conceitos claros e seguros. Sua compreensão é de que o homem estava inserido em dois tipos de realidades diferentes, que eram chamados por ele de realidade inteligível e realidade sensível.

A primeira reflete aquilo que podemos distinguir e expressar aos outros que é a realidade imutável das coisas. A segunda, como o nome sugere, é aquela que afeta os nossos sentidos, que são dependentes e modificáveis. Teve boa parte de sua vida dedicada à política, na tentativa de encontrar o modelo ideal de governo para o povo grego. Ele acreditava que o homem era dividido em corpo e alma. O corpo era de caráter material, mutável e corruptível. Já a alma, seria a porção divina do ser, a parte imutável e perfeita. Durante vários anos seguiu o seu mestre aprimorando conhecimentos, cristalizando ideias, fundamentando conceitos e sorvendo a essência de tudo.

Com a morte de Sócrates, Platão inicia uma série de viagens encontrando-se com grandes pensadores da sua época. Por quase dez anos, aprendeu com seus pares a arte do saber, transitando com facilidade em ciências naturais e matemática. De volta a Atenas dar início ao sonho da sua vida, participando de forma decisiva na criação da sua própria escola de investigação cientifica. Relatos claros apontam na direção segura de que Platão fundou efetivamente o que podemos chamar de universidade, A Academia que foi considerada como o acontecimento do século, sendo em última análise um importante avanço para a história do pensamento ocidental.

Ele se tornou o primeiro dirigente de uma instituição permanente, voltada para a pesquisa original e concebida como conjugação de esforços de um grupo que vê no conhecimento algo vivo dinâmico e não um corpo de doutrinas a serem simplesmente resguardadas e transmitidas, se dedicando ao magistério e à composição de suas obras por cerca de vinte anos.

Platão, foi considerado um dos primeiros pedagogos, não só por ter concebido um sistema educacional para o seu tempo, mas, principalmente, por tê-lo integrado a uma dimensão ética e política. O objetivo final da educação, para o filósofo, era a formação do homem moral, vivendo em um Estado justo. Ele rejeitava a educação que se praticava na Grécia em sua época, que estava a cargo dos sofistas, incumbidos de transmitir conhecimentos técnicos e a oratória, aos jovens da elite, para torná-los aptos a ocupar as funções públicas.

Ao contrário, pensava em termos de uma busca continuada da virtude, da justiça e da verdade. Sua visão era de que, toda virtude é conhecimento. Ao homem virtuoso, segundo ele, é dado conhecer o bem e o belo. A busca da virtude deve prosseguir pela vida inteira. Defendia que educação era de responsabilidade estatal. Igualmente avançada, quase visionária, era a defesa da mesma instrução para meninos e meninas e do acesso universal ao ensino. Legitimava a tese de que a alma precede o corpo e que, antes de encarnar, tem acesso ao conhecimento. Afirmou que conhecer é relembrar pois a pessoa já domina determinados conceitos desde que nasce. Com base nessa teoria, que não encontra eco na ciência contemporânea, Ele sustentava uma ideia que, paradoxalmente, ampara grande parte da pedagogia atual.

Estava certo de que não é possível ou desejável transmitir conhecimentos aos alunos, sem que os mesmos sejam instigados na procura das respostas, as suas próprias inquietações. Por isso, o filósofo rejeitava métodos de ensino autoritários. Ele acreditava que se deveria deixar os estudantes, sobretudo as crianças, à vontade para que pudessem se desenvolver livremente. Nesse ponto, a pedagogia do mestre se aproxima de sua filosofia, em que a busca da verdade é mais importante do que dogmas incontestáveis.

O processo dialético platônico pelo qual, ao longo do debate de ideias, depuram-se o pensamento e os dilemas morais, também se relaciona com a procura de respostas durante o aprendizado. Afirmava ser do mais alto interesse para todos que compreendem a educação como uma exigência de que cada um, professor ou aluno, pense sobre o próprio pensar. A educação, segundo a concepção platônica, visava testar as aptidões dos alunos para que apenas os mais inclinados ao conhecimento recebessem a formação completa para ser governantes. Essa era a finalidade do sistema educacional planejado pelo filósofo, que pregava a renúncia do indivíduo em favor da comunidade.

O processo deveria ser longo, porque Platão acreditava que o talento e o gênio só se revelam aos poucos. A formação dos cidadãos começaria antes mesmo do nascimento, pelo planejamento eugênico da procriação. As crianças deveriam ser tiradas dos pais e enviadas para o campo, uma vez que Platão considerava corruptora a influência dos mais velhos. Até os 10 anos, a educação seria predominantemente física e constituída de brincadeiras e esporte. A ideia era criar uma reserva de saúde para toda a vida.

Em seguida, começaria a etapa da educação musical para se aprender harmonia e ritmo, saberes que criariam uma propensão à justiça, e para dar forma sincopada e atrativa a conteúdos de matemática, história e ciência. Depois dos 16 anos, à música se somariam os exercícios físicos, com o objetivo de equilibrar força muscular e aprimoramento do espírito. Aos 20 anos, os jovens seriam submetidos a um teste para saber que carreira deveriam abraçar. Os aprovados receberiam, então, mais dez anos de instrução e treinamento para o corpo, a mente e o caráter. No teste que se seguiria, os reprovados se encaminhariam para a carreira militar e os aprovados para a filosofia.

Neste caso os objetivos dos estudos seriam pensar com clareza e governar com sabedoria. Aos 35 anos, terminaria a preparação dos reis-filósofos. Mas ainda estavam previstos mais 15 anos de vida em sociedade, testando os conhecimentos entre os homens comuns e trabalhando para se sustentar. Somente os que fossem bem-sucedidos se tornariam governantes ou "guardiães do Estado".Alguns autores consideram um certo desencantamento por parte de Platão, em analogia ao regime democrático por entender que a democracia pôr vezes, pode ser comparada a um grande navio, onde o comandante e o seu Staff, apesar de não terem a formação adequada, ainda assim foram escolhidos para uma importante viagem. O êxito desta jornada em algum momento está condenado ao fracasso.

No seu livro a República, o filosofo acende uma luz amarela para liberdade em excesso, sem nenhuma sistematização doutrinaria, levando a uma perda da solidez moral, transformando de forma nefasta a vida em comunidade. A leitura deste livro nos ensina entre outras coisas, a existência de possibilidades de formação governamental com prevalência anárquica. Neste contexto a liberdade pode estabelecer eventos equivocados contribuindo para o desmonte dos valores absolutos, criando um temerário vazio na ética, podendo-se imaginar um cenário onde o homem fica exposto a desonra em que tudo termina por se equalizar e desvirtuar.

O mestre teve toda sua existência, marcada pela determinação na busca do conhecimento, da verdade e da ética. Passou seus últimos anos na Academia escrevendo um farto material pedagógico que continua até os dias de hoje orientando o passo a passo da ciência do saber. Cultuar a sua filosofia é dar um salto decisivo na busca da prudência e da lucidez, capazes para alicerçar sustentação ao sentido da vida.





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José Maria Falcão é Cearense, vive em São Paulo desde a década de 70, seu primeiro trabalho foi numa empresa de mineração onde recebeu os primeiros incentivos para estudar química. Durante a sua formação acadêmica, trabalhou num laboratório multinacional farmacêutico. Desde 1985 trabalha numa empresa de produção e comercialização de produtos químicos. Apaixonado por lugares extremos, gosta de ler e experimenta a difícil tarefa de escrever. Escreveu e publicou na AMAZON três livros:
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Contos, Crônicas & Imagens 
Um Falcão no Ártico

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